17 de outubro de 2014

Eleições 2014 e visão política

O segundo turno das eleições para presidente estão causando um grande alvoroço ao meu redor.
Não alheia a tudo isso, tenho tido reflexões o tempo todo, altos e baixos, perda da fé na humanidade, seguida de fé restabelecida, mas sinto que irei levar alguns aprendizados desse momento tão estressante.
Alguns dizem que não devemos perder a amizade só por causa de posicionamento político, e que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse eleições”. Mas não é assim que eu vejo. As eleições são uma grande oportunidade de deixar a alienação de lado. Já passamos tempo demais não pensando em política, esse é o único mês de cada biênio em que se discute política em cada esquina. Depois das eleições, certamente voltaremos àquela previsível alienação cotidiana. Então que se fale muito de política nesse mês atípico.
O que eu mais penso é como, meu deus, eu convivo com pessoas com ideais tão diferentes do meu? É uma questão de valores e princípios, e durante as eleições tem sido mais fácil de separar as pessoas em grupos de acordo com o que cada um pensa ser a prioridade do governo.
Uma pessoa que prioriza a educação, as políticas sociais e o fim da pobreza, não pode votar no PSDB. Se essas coisas não importam, pois não afetam sua vida e há coisa mais importante em que pensar, é outro grupo de pessoas.
A visão política é apenas uma das características que pode unir ou repelir pessoas. Existem inúmeras outras coisas que podem ter o mesmo efeito, sejam gostos em comum, rotinas compartilhadas no trabalho, estudos, o bairro onde vivemos, etc. A visão política é só mais um desses fatores, inclusive ele fica adormecido e mantido como segredo, como um tabu que não deve ser tocado, talvez, justamente, por haver opiniões tão contrastantes. Com medo de entrar em conflito com aquele colega sempre tão gentil, escondemos nossas opiniões políticas. Não deveríamos ser tão comedidos. Apesar de a visão política não ser o único fator para unir pessoas, é um fator de grande peso, cada vez maior, na minha balança. Não é apenas um detalhezinho que deve ficar guardado no armário. É o que faz (ou deveria fazer) com que a vida em uma sociedade democrática ganhe sentido. Além disso, as prioridades de governo são muito parecidas com as prioridades de vida, ou seja, parecidas com o que move cada um de nós. Vejo um cunho quase filosófico nisso. E não me venha com o discurso de PT e PSDB ser tudo farinha do mesmo saco. Pode ser que ambos façam coisas semelhantes para conseguir se manter no topo, porém, as decisões políticas de cada um provém de princípios muito diferentes.
Eu fico triste às vezes de ver o radicalismo de extrema direita em pessoas tão próximas a mim. As redes sociais estão trazendo à tona as conversas polêmicas que antes ficavam restritas à mesa de refeições da família num almoço de domingo. Mas provavelmente sempre estiveram aí.