Love and squalor and hate
Hoje à tarde eu estava arrumando minhas pilhas de bagunças espalhadas pela casa, em busca do livro perdido da biblioteca da USP – For Esmé, with Love and Squalor (Salinger), lindo, por sinal – quando me deparei com uma velho caderno de campo. Comecei a folhear. No meio de anotações de congressos e trabalhos de campo, encontrei isso:
... sonhando acordada? Sonho ou realidade?
... depois do almoço subo novamente a São João e vejo o olho que nunca pisca. Aí me ocorre um pensamento inédito, fresquinho: olho de vidro não pisca! Não precisa e nem pode!
Subo na cobertura do prédio para um rápido intervalo, e constato que os pedreiros estão quebrando o antigo piso do terraço, piso de muita história, e dá dó.
Do alto da cidade a sensação é de paz. Mesmo que esteja um puta caos lá embaixo. Olho para o chão, as gotas de chuva caindo lentamente pintam de uma cor mais forte o que ainda resta do piso histórico, que está prestes a ser quebrado em pedacinhos. Uma gota atinge o meu pescoço, como um beijo.
Olho mais uma vez para a cidade, objeto de amor e ódio, e enxergo como ela está bonita neste dia de chuva e sol, e penso que das muitas vezes que subi aqui, desde 2002, é desse momento e dessa paisagem que eu vou querer me lembrar...
--
E lembro, e me emociono, e quase choro.
Chega a ser ridículo o tanto que eu gostava de trabalhar no centro de São Paulo.
E ainda não achei o livro...
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home