19 de novembro de 2008

Love and squalor and hate

Hoje à tarde eu estava arrumando minhas pilhas de bagunças espalhadas pela casa, em busca do livro perdido da biblioteca da USP – For Esmé, with Love and Squalor (Salinger), lindo, por sinal – quando me deparei com uma velho caderno de campo. Comecei a folhear. No meio de anotações de congressos e trabalhos de campo, encontrei isso:

... sonhando acordada? Sonho ou realidade?

... depois do almoço subo novamente a São João e vejo o olho que nunca pisca. Aí me ocorre um pensamento inédito, fresquinho: olho de vidro não pisca! Não precisa e nem pode!

Subo na cobertura do prédio para um rápido intervalo, e constato que os pedreiros estão quebrando o antigo piso do terraço, piso de muita história, e dá dó.

Do alto da cidade a sensação é de paz. Mesmo que esteja um puta caos lá embaixo. Olho para o chão, as gotas de chuva caindo lentamente pintam de uma cor mais forte o que ainda resta do piso histórico, que está prestes a ser quebrado em pedacinhos. Uma gota atinge o meu pescoço, como um beijo.

Olho mais uma vez para a cidade, objeto de amor e ódio, e enxergo como ela está bonita neste dia de chuva e sol, e penso que das muitas vezes que subi aqui, desde 2002, é desse momento e dessa paisagem que eu vou querer me lembrar...

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E lembro, e me emociono, e quase choro.

Chega a ser ridículo o tanto que eu gostava de trabalhar no centro de São Paulo.

E ainda não achei o livro...