10 de janeiro de 2012

Parte 2 - Sobre o litoral uruguaio

O litoral foi talvez a parte mais legal da viagem. Alugamos um carro em Carrasco, e fomos "rumbo al Este". Vimos:

1. Piriápolis

Uma cidade litorânea bem próxima de Montevideo, e talvez por isso a praia mais frequentada por uruguaios e argentinos. Estava bem lotada, já que fomos no começo de janeiro.
Vimos o Hotel Argentino, um hotel antigo e que aparece no filme Whisky (2009).
Almoçamos um Angus no Mc Donalds. Notei que a carne do hamburguer de lá é muito mais saborosa, e que a batata é muito melhor que a nossa.
Me diverti quando o Fábio foi ao balcão pedir o molho para a salada e ao invés de voltar um um sachê de molho, ele voltou um uma caixa de madeira com azeite, balsâmico e sal! rsrs.



2. Punta Ballena


Queria muito conhecer a Casapueblo, que ouvi falar nas aulas de espanhol e desde então tinha uma certa fixação por ela. Uma grande casa de arquitetura orgânica, idealizada por Carlos Paéz Villaró, e construída aos poucos com ajuda de diversos colaboradores anônimos, pescadores e amigos de Villaró. Uma casa cheia de signicados, e cheia de cantos, cada um com o seu nome e características distintas. Parte da casa é um hotel de luxo, e outra parte é o museu do seu idealizador. Só visitamos o museu. Me perdi pelas suas salas, corredores, alguns bem estreitos, me surpreendi com o volume de obras que esse cara consegue produzir, ainda hoje. Fiquei em alfa quando resovi descer uma encosta para vê-la de longe, sobretudo ficar longe dos turistas, que eram muitos.

3. Punta del Este


Passamos rápidamente, pois estava cheia demais, e não é a nossa praia, definitivamente. Punta é uma cidade que em nada lembra o Uruguai, se assemelha mais a Miami, ou a um lugar fantasioso criado para turistas endinheirados, em busca de status. Isso tudo não nos encantou, portanto deixamos para quem se encanta com tudo isso.
A escultura dos dedos estava disputadíssima, cada dedo ocupado por uma família tirando fotos, e por isso as nossas fotos não ficaram grande coisa.

4. La Paloma

Uma cidadezinha de litoral bastante acidentado, e rústico. Passamos a noite num hostel ali, e foi tudo ótimo. À noite, o centrinho estava super movimentado, e centenas de crianças ocupavam uma praça, onde se apresentava um teatrinho de fantoches. As crianças riam alto e gritavam de entusiasmo, e uns menores saíam chorando, com medo do fantasma-fantoche. Em frente ao supermercado, outra apresentação começava a ser montada, para crianças um pouco maiores. E na frente do hostel vimos uma feira de artesanato. Ao longo da avenida principal, vários restaurantes, bares e... livrarias! Tudo bem organizado, e aberto para quem quisesse ver.

Outra ótima surpresa em La Paloma foi o Restaurante 5 Sentidos, na Ruta 10 entre La Paloma e La Pedrera, no qual comemos na volta da viagem para Cabo Polonio. Já eram 3 da tarde e não sabíamos onde comer. O Fábio dirigindo e eu pescando do lado, e eis que ele avistou um pequeno restaurante de beira de estrada. Era uma casinha de madeira, de construção recente, com meia dúzia de mesas muito bem decoradas.


Fomos recebidos por uma garota da minha idade, muito bonita e super simpática. Ela apresentou o cardápio para a gente, e falava de cada prato com muito entusiasmo, e dava para perceber que ela tinha paixão por comida. A entrada foi paezinhos com manteiga de ervas e temperos e estava espetacular. Eu comi uma massa caseira, sorrentinos de caprese com molho de cogumelos. E o Fábio comeu um assado de verduras e raízes, mais uma salada de frango. A sobremesa foi uma taça de frutas frescas de todos os tipos, com uma bola de sorvete por cima. Tava tudo impecável, tanto visualmente quanto pelo sabor.


Por fim, fomos admirar a vitrine de tortas típicas uruguaias e sobremesas, e a menina nos explicou em detalhes cada uma das tortas, simplesmente pelo prazer de falar sobre a comida, visto que já estávamos fechando a conta. Até conhecemos a cozinheira, a mãe da garota que nos serviu, ainda mais bonita que a filha. As duas cozinhavam tudo sozinhas, e tinham um sorriso largo no rosto, indicando que amavam o que faziam. Minha esperança ia aumentando, a cada passo dessa viagem.

5. Cabo Polonio

Fomos a Cabo Polonio sabendo unicamente que lá poderíamos chegar muito perto de leões marinhos. Foi uma indicação do Rafael.

Chegamos de carro até a entrada da área reservada, a partir do qual não se entra mais carros. Todos pagam um ingresso de 85 pesos uruguaios (R$ 8,50) e esperam por uma caminhonete que percorre uns 3 km, até a praia. O transporte é bem diferente, e me lembrou ao de um barco.


Na praia, há uma vila com casas bem rústicas, meio hippies, lojinhas, restaurantes, e até um hostel. Placas indicavam os pontos turísticos, e uma mulher nos disse que o farol e os leões marinhos ficavam a apenas 600m de onde estávamos. E assim foi. Não há instruções sobre como se comportar diante dos bichos, e é possível chegar quão perto você quiser dos leões marinhos. Eles ficam ali nas pedras e não há cerca entre os turistas e os animais. A minha conclusão sobre isso é que o parque acredita que todo mundo é consciente dos seus atos, e sabe até onde chegar.

Chegamos a até uns 2,5 metros de distância dos leões marinhos e eles não se intimidaram muito. Dormem ao sol, mudam um pouco de posição e dormem novamente. Depois, vão se banhar e voltam para o sol. Empinam o fucinho para o sol, e quando um turista chega perto demais, reclamam um pouco.



Por fim... - Em todo lugar, vimos casas sem muros, com amplo recuo de gramado, e até ciclovias entre a rodovia e as casas. A violência ainda não intimidou os moradores a construir muros altos e cercas elétricas, isolando o espaço público de suas propriedades, e essa diferença me encanta, me dá esperança e coragem de continuar acreditando em um mundo razoavelmente bom. E assim se pode admirar a arquitetura do lugar, e das janelas das casas é possível ver o mar, a vida passando, logo em frente.


Parte 3 e final sobre Montevideo, em seguida.

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