3 de setembro de 2008

Aqui e acolá

Olho no flickr as fotos de uma garota que viaja sozinha pela Europa. Uma garota x, que parece ter a minha idade. Suas fotos expressam vida, passam a imagem da vida como ela deve ser vivida: ao máximo, e apreciando as mais belas e diferentes paisagens. O semblante da garota é o mais tranqüilo possível. E expressam uma liberdade indubitável. Nem preciso fechar os olhos para me lembrar que um dia estava assim também, livre. E como era boa a sensação de estar longe da minha vida.

No Japão ou nos EUA, viajando e vivendo. É tão contraditório, viver, mas estar fora da sua própria vida. Olhando você mesma como se estivesse na platéia da sua própria vida. E pensando no roteiro que essa pessoa deve seguir, dali para frente.

Porque lá eu era um nada. No Japão, peão. Mas a vida era incrível, simples, nova, ótima. Sobretudo livre. Contraditória. Trabalhava 10 horas por dia em pé, mas o resto do tempo eu era livre, e reunia energia para conhecer a cidade de bicicleta. Havia um país lindo, novo e cheio de neve para descobrir. Sensação indescritivelmente l.i.v.r.e.

Já no Brasil eu tenho raízes profundas. Sendo minha casa, o ar aqui não tem cheiro, pois eu tenho o cheiro desse ar (hahaha). Mas aqui eu pude estudar, trabalhar, ganhar mal, mas pude aprender muito sobre a área que eu quero seguir: Planejamento Urbano. E isso foi muito válido, realizador, motivante. Talvez a carreira seja a coisa pela qual tenho mais paixão, na vida. E meu estágio na Sempla foi a minha escola. Aqui eu sou alguém pensante, que pode mudar o mundo usando a cabeça, e não somente os braços.

Mas e aquela vida bela como deve ser vivida? Será que ser babá, garçonete, operária, etc é o preço que se paga? Se for, vou continuar sonhando, dividida, mas com os pés bem enraizados aqui.


Lá, 2003.


3 Comments:

At 9:50 AM, Blogger Paula Oliveira said...

Sim... de uns tempos pra cá tenho pensado que é bom é ter os pés enraizados em algum lugar, ainda mais quando se encontrou o que quer fazer. O bom é que os pés enraizados não impedem a cabeça de continuar voando alto =)

 
At 10:51 AM, Blogger Baba said...

hey, achei seu blog enqto procurava coisas sobre TDAH no google. Achei bacana o jeito que você escreve e inclusive eu, uma pessoa propensa a ter disturbio de atenção, consegui terminar de ler alguns posts!

 
At 7:10 PM, Blogger Paulo Henrique Galves da Silva said...

Putz, há anos eu me faço essa pergunta. E o engraçado é que, ficando mais velho, parece que isso está se aproximando, quando o correto deveria ser o contrário.

 

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