A saga do visto pros EUA
Na quarta-feira passada eu fui tirar o visto para os EUA. Havia agendado a entrevista (R$ 38,00) há um mês atrás. O site diz para chegar com meia hora de antecedência, então cheguei lá às 11:30. Desprevenida, tomei um café da manhã leve e achava que depois de uma hora estaria tudo resolvido.
Há há há.
Chegando lá, havia uma fila na rua. Não era tão grande, porém, não andava muito rápido. Depois de uns dez minutos esperando, a mulher que estava na minha frente percebeu que tinha entrado uma fulana com o seu filho de uns 12 anos de idade na frente dela. – Desculpe, mas a senhora não estava na minha frente. Quem estava na minha frente era ela (apontando para a mulher seguinte na fila). – É, mas eu comprei a vaga. – Ah.... mas eu vou ficar na frente dela, que é o meu lugar. Nisso eu disse: e eu vou ficar na frente dela (me livrando da perua corrupta). E o casal atrás de mim disse o mesmo, que continuaria atrás de mim. Nisso a perua e o filho sumiram e foram falar com o cambista com quem tinham comprado o lugar na fila. E isso foi só o começo...
Passada a fila do portão, lá dentro tinha outra fila, na frente do prédio do consulado. Ficamos ali, separando formulários, embaixo de um céu nublado, que poderia começar a chover a qualquer minuto. Não choveu, mas e se chovesse? Molhariam-se todos os formulários, fotos, passaporte, etc. Viraria uma lambança. E quem ia me salvar? Ninguém, né.
Devagar, fui chegando próximo a entrada do prédio. Ali, fomos avisados a separar objetos eletrônicos, máquinas fotográficas e celulares (desligados). Tudo isso foi confiscado na entrada, e só poderia ser retirado na saída do recinto. Seguranças armados eram encarregados dessa tarefa. Fiquei me perguntando o que haveria lá dentro de tão interessante que merecesse uma foto, ou tão top secret que quiséssemos investigar.
Lá dentro, mais e mais filas. E ninguém para explicar em qual se deveria entrar. Uma menina que também estava tirando o visto me avisou em qual fila deveríamos estar, depois de nos ver na fila errada. Já havia passado mais de 1 hora. Queria chorar. Estava retirando na minha 3ª fila do dia: para retirar a senha. Peguei o número 3680. Fui para a 4ª fila, a da impressão digital, que foi mais ou menos rápido. Neste momento, uma voz no alto-falante pronunciou: “Atenção, quem possuir a senha maior que 3600, por favor, dirijam-se à área da lanchonete e volte daqui a 30 minutos”(!!!). Isso para desafogar um pouco o lugar, que estava lotado de gente. Foi o que eu fiz... Fui lá para a minha 5ª fila do dia: a fila da lanchonete. Comprei um pão de queijo, uma H20H e um cartão telefônico, já que estava sem o celular. Pensei em ligar pro namorado, para dizer que não precisava me esperar, pois eu ia ficar lá por muito tempo ainda. Mas ao colocar o cartão no orelhão, o orelhão recusava. Haviam 3 desses aparelhos jurássicos, e nenhum funcionava direito. Ou seja, além de nos tomarem o celular por nenhum motivo razoável, nos colocam a disposição orelhões podres. No fim, depois de ligar várias vezes a cobrar, o Fábio aceitou a ligação e eu consegui me comunicar sem o uso do cartão. Mais uma vez, fila, para devolver o cartão telefônico e pedir o $ de volta.
Depois disso, voltei à muvuca das filas do visto, e encarei a 6ª fila, a de entrega dos formulários e documentação. Depois, fila única sem senha para finalmente passar pela entrevista. Por entrevista eu imaginei que entraria numa salinha e falaria com o cônsul. Mas o que ocorreu de fato é que eu fiquei em pé na frente de um vidro blindado, com um telefone para me comunicar, tipo prisão, com a funcionária lá dentro. Essa parte foi rápida, até porque havia gente demais para ser algo demorado. No site dizem para levar coisas que comprovem “o motivo da viagem, fundos para cobrir as despesas da viagem e sua intenção de deixar os EUA após sua viagem. (ex: carteira de trabalho, declaração de imposto de renda, contracheques, certidão de casamento/nascimento, extratos bancários, documento de carro, declaração da escola, etc.).” Gente, mostrar extrato bancário é algo que foge do normal. Quem deve saber o que rola no meu extrato bancário é somente eu mesma, e no máximo o gerente do banco. Achei humilhação. Mas no fim, a funcionária do consulado não quis ver nada. Eu disse que tinha feito intercâmbio e que a viagem seria para rever a família. Ela começou a fazer perguntas em inglês, eu respondi, e ela se deu por contente e me desejou boa viagem.
Por fim, saí do prédio, peguei de volta meu celular e fui para a última fila: a do Sedex. Há uma taxa final de 19 reais para que mandem o passaporte em casa, depois de 6 dias úteis. Nesse momento, estava ligando o meu celular, e o segurança gentilmente me disse que só poderia ligá-lo quando saísse pelo portão (qual é a diferença?).
No fim, saí de lá estressada e indignada. É muita afetação à toa. Não faz sentido não poder usar celular lá dentro... Não há nada demais em todo o processo que seja tão confidencial a ponto de alguém querer filmar ou fotografar. Chega a ser ridículo. E humilhante.
Se eu não tivesse um bom motivo, pensaria em desistir no meio. Mas pensaria duas vezes, pois já tinha pago a taxa de 131 USD. Mas enfim, não sei se compensa não, fazer turismo nos EUA.
E pensar que para entrar na Inglaterra foi tão fácil. A funcionária da imigração era tão fofa e simpática que só faltou me convidar para me tomar uma xícara de chá.
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