A Copa do Mundo de 2010
Eu sou uma pessoa que não gosta de futebol. Porém, a cada 4 anos, durante um mês, eu passo a gostar. Típico, mas tudo bem.
Não são (apenas) os elementos técnicos do esporte que me fazem pregar os olhos na TV. Na verdade eu não entendo tanta coisa assim, a ponto de analisar a atuação dos times. Mas é algo nas entrelinhas que me faz curtir a Copa.
A magnitude do evento, o nervosismo, a preocupação dos jogadores e dos torcedores, tudo isso faz parte da Copa, e me fazem entrar no clima e parar o que eu estou fazendo para assistir ao jogo. Isto é, quando isso é possível. Não há nada mais emocionante do que ver a reação de um jogador após marcar um gol. Muitas vezes o artilheiro parece apenas aliviado, por tirar o peso das costas. Já no segundo gol, os rostos mostram uma felicidade compartilhada, tão sincera que causa arrepio. Me dá um quentinho na barriga, vontade de sorrir por dentro, mesmo quando não é o Brasil que está jogando (porém, isso não ocorre quando se trata de Argentina). E quando um time favorito perde uma partida eliminatória, podemos ver a outra face. Nessa copa, me marcou muito a derrota da Itália, e o choro desesperado de Quagliarella. Tudo ao vivo, ali, na TV digital HD Max. Nessa hora até parei no meio do restaurante, perdida no caminho para o 2º prato de massa (nesse dia, sem querer, almocei comida italiana). Não torço para a Itália, mas me comove a transparência das emoções a flor da pele.
Nesse sábado, assisti ao 2º tempo de Alemanha e Argentina no Café Girondino, um lugar lindo no meio da muvuca que é o centro de São Paulo. Ali dentro, acompanhei 3 dos 4 gols da Alemanha, vi brasileiros vibrarem, pularem de alegria. Mais um delicioso clichê da copa. Comi empadinha e tomei chopp. Enquanto isso, centenas de pessoas iam e vinham, da 25 de março ao Viaduto do Chá, da rua Direita à Boa Vista, e eu me senti muito viva.
Ao meu lado, uma requintada senhora de meia idade bebia tranquilamente um café, enquanto folheava uma revista. Quase não olhava para a TV, como se ali estivesse passando desenho animado ou algo do tipo, como se fosse um dia qualquer. Nesse momento, eu tive um pouco de pena. Tudo se inverteu. Eu sempre sinto inveja de pessoas que gostam de futebol, que têm um time, seja Corinthians ou Palmeiras. Dessa vez, eu senti na pele toda a felicidade gratuita que o futebol pode trazer.
Aqui, um post escrito há 4 anos atrás, na Copa de 2006.
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