"Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos"
Hoje sonhei com móveis sendo totalmente cobertos de formigas. E eu as arrumava lado a lado, uma a uma, como peças numa obra de arte naturalista. E de repente, eu peguei um spray e joguei em cima delas para matá-las. E chovia também. No fim do sonho, as pragas sumiram, e o móvel se descascou em folhas, se abrindo feito um livro molhado. Tudo era branco, de spray, de chuva e de estranheza. Acordei às 10 da manhã, atrasada e assustada para um novo dia. Acho que no meu sonho enlouqueci. Literalmente.
Quando eu não estou em ordem por dentro, faço de tudo para o meu exterior estar. Arrumo o quarto na incapacidade de arrumar a própria cabeça, e o fluido de maus pensamentos que passam por dentro dela. Estou vivendo meus dias de Bree, do Desperate Housewives, e da personagem (que esqueci o nome) de Juliane Moore em As Horas. Estou atiçando uma parte do meu cérebro que não costumo utilizar muito. Hormônios negativos que não são liberados com tanta frequência. E odeio essa inconstância de sentimentos. E meu quarto está excessivamente bem arrumado. Pelo menos a minha parte do meu quarto compartilhado.
Não tenho mesmo muito a dizer, nem a pensar. Mas cheguei em um ponto sinistro. Absolutamente sem fundamentos. E eu fico esperando a mudança dos tempos, nesse "devagar depressa" como bem definiu Guimarães Rosa no triste e lindo conto "A Terceira Margem do Rio", Primeiras Estórias, 1962, e de onde também reproduzo a frase no título deste post.
1 Comments:
Estamos estudando Guimarães no teatro e a Terceira Margem é um conto que dá, literalmente, margem para terceiras, quartas interpretações e acho que tem tudo a ver com o que vc está passando.
Precisamos conversar, não?
beijos
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