19 de novembro de 2006

Cepe

(texto escrito dia 13, que só tive tempo pra postar hoje)
Eu também nunca fiz amigos bebendo leite, mas já fiz amizades através de um antiquado hábito, fazer caminhada. Esse negócio de ficar andando simplesmente pelo prazer de andar.
Foi assim que conheci melhor algumas amigas, e hoje é assim que eu gosto de lembrar daquelas que não vejo mais.
Nós caminhávamos no Cepê, este imenso clube cheio de piscinas, quadras de vôlei, futebol, handbol, tênis, equipes treinando pra todo lado. Tudo isso constituía o cenário, mas para mim só existia a TRILHA, o gramado, e o resto.
Gosto de lembrar das descargas de adrenalina, dos jorros de endorfina, de como era bom caminhar e conversar sobre os stresses do dia, e sobre a vida, e no fim se sentir leve, aliviada. E a vida era bem melhor depois dessas caminhadas.Completávamos a trilha de 1000 metros várias vezes sem nem pensar nos músculos que queimavam. Também arriscávamos correr de vez em quando. Prazer e dor são sentimentos amigos.
Hoje, no fim de tarde, intervalo entre trabalho e faculdade, me vi de novo naquele lugar, 4 anos depois. Lá esperava uma pessoa, que não apareceu. Parada na entrada do Cepê, hesitei um pouco, e resolvi entrar. Coloquei minha mochila o no vestiário e fui dar uma volta na trilha. A minha roupa que já vestia desde a manhã era pesada no lugar dos tecidos leves que os outros trajavam. Eu parecia um cabide ambulante, portando carteira, celular, cinto, e um livro com documentos importantes dentro – fiquei com medo de deixar essas coisas no armário sem cadeado. Objetos me acompanhavam. Não, nenhum amigo.
Me surpreendi ao perceber que ainda tinha na memória cada trecho daquela trilha. E a trilha me surpreendeu ao remanescer exatamente a mesma de 4 anos atrás, exceto alguns tufos de grama a menos. Tudo no mesmo lugar. A pista de atletismo continua precisando de reforma.
Ali, com o sol iluminando o gramado, pateticamente dei uma única volta pela velha trilha e tudo estava iluminado. A “1” volta que dei não foi suficiente para cobrir meu cérebro do hormônio do prazer (querida endorfina), mas um turbilhão de sentimentos misturado à consciência de quem sou agora deram um toque todo especial à minha triste (por outros motivos) tarde.
Gosto de comparar fotos velhas e novas, passado/presente, e descobrir o que mudou no meu jeito de enxergar as coisas. A vida também mudou. E, overall, mudou pra melhor.

3 Comments:

At 11:10 PM, Anonymous Anônimo said...

Vi seu comentário lá embaixo sobre Antes do Pôr-do-Sol. Acho que já falamos sobre esses filmes, né? Quando tínhamos longas conversas, rs. Eu gosto muito deles, mas gostei mais do Antes do Amanhecer. Talvez por ser o primeiro, talvez por ser à noite... Mas que são dois belos filmes, isso são mesmo. (Aproveitando, me diga: como andam as coisas por aí? Tudo bem? Eu continuo mais perdido do que nunca, rs. Espero voltar ao TC na semana que vem. O Mimeographo acabou mesmo... Bjs.

 
At 11:17 PM, Blogger euvoltologo said...

eu nunca fiz nada no cepe.
e nao me lembro de sentir a endorfina depois de um exercicio.

meu, eu nao entendi quem era o tal M.... que aparece no final de Budapeste. Me explica.

 
At 1:18 PM, Anonymous Anônimo said...

vc nao fez amigos bebendo leite, mas conhecemos pessoas comendo pao com mortadela e pao de queijo, que depois de duro , jogamos no bj, lembra?
...
aqui eh outono... o outono eh lindo!e eh bom caminhar no outono!ainda mais no outono japones! dizuz! que palavra estranha: outono!ou tono! ou mono!monotono...

...

bem... deixa pra la!

 

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