24 de maio de 2006

A vida nos gibis da turma da Mônica


Li isso numa revista:
“Eu queria ser o que era quando queria ser o que sou agora”

Certamente não gostaria de voltar à infância ou à adolescência. Lá a vida se resumia ao restrito mundo do colégio, dos cursos extracurriculares, de televisão e dos gibis. Só este último e a música salvavam. Nem Internet nós tínhamos. E eu sempre ficava querendo algo a mais. Mas uma coisa eu queria ter preservado dessa época inocente. Aquele espírito que só os privilegiados tem, a mistura de curiosidade e desejo pela vida que ainda está pela frente, mas que só a pureza e inocência e a idealização podiam proporcionar. Creio que os milhares de gibis da turma da Mônica devorados desde a tenra infância contribuíram para a minha inocência. Nos gibis não há pessoas inescrupulosas, até os bandidos são inocentes. E os problemas do mundo sempre são vistos com esperança no fim das historinhas – com exceção, às vezes, do Horácio.

A vida antes da primeira desilusão para com a sociedade. O conceito infantil e saboroso de mundo, de futuro. A vida antes de conhecer Marx, e sua teoria sobre o modo de produção capitalista, permeado em cada canto do espaço. Antes de saber o que é política, o que é lucro, e o que significa a podridão, a hipocrisia e todos os lados negativos da humanidade. Aliás, que bonita essa palavra humanidade. A doce ignorância. A propósito, já adultos, muitos preferem viver sobre a ignorância, sobre a ideologia da legitimação dos valores capitalistas. Em outras palavras, ignoram a amarga realidade, achando que as empresas realmente querem o bem social. Pergunto eu, são eles mais felizes pos isso ou eu vou conseguir viver feliz do meu jeito? Esqueça a dualidade da geografia, isso sim é que é dicotomia!
Gostaria de escrever que pretendo levar a vida, o presente nessa corda bamba, e como quando era criança, sempre otimisticamente pensando no futuro, no segundo estágio da vida onde vou poder não apenas sentir e compreender, mas também agir e transformar.

2 Comments:

At 10:33 AM, Anonymous Anônimo said...

ainda não formulei um pensamento para o seu pensamento, mas assim que ele me ocorrer, corro aqui para contar. Sabe, acho que já te conheci naquela fase pessimista. Se bem que a gente sempre foi meio borderline, né?
Well, hold on to yourself, girl. You can't change the world, but you can change your own life.

 
At 12:01 AM, Blogger euvoltologo said...

Belo.
Adorei o jeito que você escreveu.

Nota: eu odiava as historinhas do Horácio. Sempre pulava e ia pra próxima.

 

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