17 de maio de 2013

Baumkuchen


Um dos meus doces favoritos na infância não existe mais. Era um rocambole parecido com um bolo de rolo pernambucano, porém esse não tinha recheio e era menos artesanal, mais industrializado. Ele vinha em um pacote de 12, cada um embrulhado individualmente em um plástico transparente, dispostos em uma bandeja (se não me falha a memória).

Os meus bolinhos eram comprados na feira livre, na barraca de produtos japoneses. Eles vinham em fatias de aproximadamente 1 centímetro, tinham várias camadas de massa fina com gosto amanteigado, e por fora eram cobertos por uma fina camada de um verniz de açúcar. 

Eu tinha mil e um jeitos de comer aquilo, às vezes retirando as camadas como se desenrola uma fita de cetim, às vezes fatiava, às vezes dividia ao meio e, como era o doce favorito, demorava o máximo de tempo saboreando cada pedacinho. Provavelmente implorava para minha vó me dar outro, mas acho que só ganhava um por vez.

O drama é que esse doce sumiu das barracas de feira. Já procurei em diversas feiras de São Paulo e até em Presidente Prudente, mas não encontro mais. Fico pensando como um troço bom daqueles pode parar de ser fabricado. Será que só havia um fabricante e ele faliu? Se foi isso, deve ter sido falta de timing, de herdeiros, ou de estratégia. Aposto que se ainda fosse vendido, ia ser o próximo hit, depois dos cupcakes lindos e sem sabor.

Já joguei no google.com.br e não encontrei nenhuma pista do bolinho. Mas não é possível que eu seja a única pessoa que se lembra dele. 

Aí resolvi jogar 'thin layered cake Japan' no google.com e encontrei uma história bem interessante. Karl Juchheim, um confeiteiro alemão nascido em 1886, levou para o Japão a receita do tradicional bolo alemão baumkuchen (pode ser traduzido como bolo-tronco ou bolo-árvore). Karl foi parar no Japão por causa da Primeira Guerra Mundial, e depois da guerra, em 1921, abriu uma loja de baumkuchen em Yokohama. O doce é tradicional em muitos países europeus e se tornou um lanche popular no Japão. 

Já pude experimentar esse bolo no Japão, mas infelizmente não achei tão gostoso como o que era feito no Brasil. É um daqueles casos que a imitação saiu melhor que o original. Aquele gostinho de manteiga e de ovo, como o gosto de madeleine, não estava tão presente no bolo feito no Japão. Ainda assim, quando for para lá, vou experimentar de novo.

Referências:



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