29 de março de 2007

O que é geografia?

Essa é uma pergunta que todos os estudantes de geografia ouvem, sem exceção, e das mais variadas formas. A mais recente, da Priscila, é: "o que é geógrafo? um jeito chique pra chamar o professor de geografia?". Mas também já ouvi: "Geografia? Isso ainda existe?", e a mais clássica: "você faz geografia? ah, então vai virar professor, né?". Enfim, vejo que a sociedade não tem noção do que é esta ciência, e pra quê ela serve.
O grande problema está fundado no fato de que não há uma atuação única, um foco único para o profissional geógrafo. Isso porque a geografia estuda uma série de assuntos, sendo muito abrangente e não tem um objeto que a represente (além dos mapas e do professor de geografia, mas isso é muito restrito). Mas enfim, com tanta abrangência de assuntos, nem os próprios geógrafos entram em consenso. .E não sou eu quem vou afirmar qual é o objeto da geografia, hahaha. Só posso dizer que a geografia é, pra mim, a ciência que estuda a relação sociedade x espaço (urbano, rural). E isso é importante para implantar o planejamento urbano, rural, que é o que eu quero fazer da vida. Aliás, em outros países, o geógrafo tem espaço nessa carreira. No Brasil, ainda não. mas enfim, continuando...
Um enigma para mim é a falta de compreensão que as pessoas tem para entender que a Ciência Geográfica é uma Ciência Social, humana, intelectual, dentro do conjunto de Ciências Humanas. Pelo menos a Geografia Humana é. Isso deveria ser mas óbvio, mas não é. E assim, aparecem coisas absurdas na imprensa, como na Carta Capital, numa matéria sobre a ascensão econômica da região nordeste, em que é citado o livro Geografia da Fome como um clássico da Sociologia. Meu, seja mais esperto e veja o nome do livro. Bom, se não quer dizer que é da geografia, ao menos diga então que é um clássico das Ciências Sociais, não da Sociologia apenas.
Exemplo de que a geografia é uma ciência social é o Milton Santos, um dos maiores intelectuais do Brasil. E o Aziz Ab'Saber, outro geógrafo e pensador importante para o Brasil.
Agora, quanto à prática, que eu sei, geógrafo atua não apenas na educação, mas em órgãos públicos - prefeitura, secretaria de meio ambiente, secretaria de planejamento urbano -, na elaboração de planos diretores, planos de manejo de áreas protegidas, na elaboração de eia-rima, no manejo de solos, em ONG'S, órgãos de pesquisa, e na área de geoprocessamento ( mapas digitais), o que mais emprega hoje. Devem ter mais atuações que eu não sei.
Apesar da crise de identidade do geógrafo, e do desprezo por parte da sociedade, eu gosto de fazer faculdade de geografia. Porque? Porque você aprende tanta coisa interessante e válida para qualquer cidadão, para compreender melhor o mundo em que vivemos. Adquire-se uma puta consciência, que nos faz enxergar além do óbvio. Por exemplo, dou mais valor à natureza, e a enxergo com outros olhos depois de estudá-la e entender suas dinâmicas. E conhecimento gera prazer, e de uma certa forma me satisfaz, apesar de que conhecimento também gera preocupação e agonia, porque você começa a enxergar muita coisa podre também.

Um livro interessante para leigos interessados seria o do Yves Lacoste: A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra. É fácil de entender, e de ver porque a geografia nas escolas não representa a geografia como ciência.

27 de março de 2007

Geografia, meu amor


Porque geógrafo também é reconhecido, de vez em quando. Se não der pra assistir, pelo menos dá pra ler o que foi falado na matéria (vale a pena ler). Reportagem hiper legal que passou no Fantástico desse domingo, sobre novos olhares sobre a Arquitetura, mas que tinha um filósofo - Alain de Bottom - e uma geógrafa - Ana Fani Carlos - como entrevistados, e nenhum arquiteto (rsrsrs...). Gostei demais da reportagem. A Globo quando quer faz reportagens muito boas. Também gostei do globo repórter sobre a obesidade infantil, duas semanas atrás.

25 de março de 2007

Leve sábado de manhã

(escrito no dia 24/03, depois do almoço)

Gosto de cozinhar em casa sozinha como pretexto para ligar o velho rádio-relógio que fica na beira da pia, e que geralmente só é ligado pela minha mãe, no jornal Primeira Hora, da rádio Bandeirantes. Aí eu mudo pra f.m. e procuro alguma rádio de rock, das poucas que restaram, e ouço músicas sem ter que escolhê-las no winamp (preguiça). Gosto disso, ouvir músicas inesperadas, músicas novas, velhas, gostá-las ou não. Afinal, já não ouço tanto rádio e não sei qual é a programação. Às vezes dá certo, e às vezes só consigo ouvir músicas tolas, como Pitty.
E nesse sábado ao fazer o almoço de muita sorte. Só tocou músicas velhas, digo, de 5 anos atrás. Time Bomb (Rancid), What a wonderful world (versão Joey Ramone), Higher (Creed) Supergrass, Oasis, U2, etc.
the colors of the rainbow, so pretty in the sky are also on the faces of people passing by I see friends shaking hands, saying, "how do you do?" they're really saying, "I love you"

O rock é educativo. Com ele aprendi inglês, aprendi a ser gente, e ao passo que descobri as músicas certas (pra mim) fui deixando minhas outras preferências "status quo" e me enveredando pelos caminhos que estou hoje seguindo, ou seja, um caminho levemente alternativo. Já amei mais o rock, e minhas preferências musicais evoluíram daquela época. Mas que saudades senti de tudo isso ao ouvir o rádio esta manhã.

21 de março de 2007

Sur-re-al.


A chuva de sexta-feira passada foi forte nas zonas oeste e norte de São Paulo. E na oeste fica a Cidade Universitária, e a minha faculdade. Olha o que virou o prédio da Geografia/História neste dia para se lembrar.
http://www.youtube.com/profile?user=chuvasdemarssso (não sei por a figura do youtube aqui)
Note a cachoeira que se formou nas paredes, a arte dos vidros das portas, com a água escorrendo forte, e as goteiras em todas as vigas. Como estava escrito na lousa de uma das salas: "aula prática de Hidrografia". E os barbudinhos aproveitaram pra dar um "escorrega" no tobogã-rampa! Gente, eu estudo aí.... e estou muito confusa e chocada pra fazer qualquer outro comentário.

20 de março de 2007

Sinta-se em casa

Leva-se em torno de 20 dias para se acostumar com um novo trabalho. De repente tudo é novo e esquisito para quem estava tão impregnada numa rotina fixa e inabalável. O novo pode agradar ou incomodar, ou apenas ser trabalhoso; começar tudo de novo, conhecer coisas e pessoas novas e levar tempo pra se familiarizar com elas e de fato se sentir em casa.
Novo agora é trabalhar apenas 4 horas por dia sem cartão de ponto nem hora do almoço, é poder fazer muitas coisas de manhã (por exemplo: ir na academia, ler textos, assistir filmes, ler livros), é ter pessoas trabalhando lado a lado e frente a frente, naquelas mesas quase compartilhadas, sem nenhuma privacidade, é ter um colega de trabalho que não vive sem o telefone, para xingar clientes e ter conversas tão íntimas com o outro lado como se eu não estivesse aqui ouvindo tudo, é ter mais colegas novos em idade, é ter chefe esquentada, mas que tem sua própria sala longe da nossa. Meu antigo chefe tinha sua mesa ao lado da minha, mas, no entanto, a sua presença era bem agradável. É também tomar chá mate gelado com açaí, desviar de camelôs para alcançar o metrô, desviar de policiais atrás dos camelôs, e é ter a vista mais bonita do centro de São Paulo.

16 de março de 2007

Blogs

Adicionei um blog novo na lista, o Rainhas do Lar. Um blog culinário, mas que não se restringe a comida apenas. Pelo que vi, rapidamente, são recém donas-de-casa contemporênas com muito conteúdo. Tem algumas crônicas entre as receitas, textos sobre a vida cotidiana, rápidos e inteligentes, que é o que um blog deve(ria) ter, afinal. Divertido...

14 de março de 2007

A vida não é fácil...

Quando você se desespera resolvendo sempre todos os problemas e aprendendo coisas tão boas em experiências boas e ruins – aquela coisa que você aprende mais com uma derrota do que com uma vitória – , o ideal é que a vida ficasse mais fácil. Mas não, ela não fica. E o mais difícil é quando o problema está em você mesma. Quando a luta é com o outro lado desse ser humano complexo e obscuro que às vezes podemos ser. Um dia de repente, eu me encontro sem alguma parte fundamental do meu ser. Como uma reprise da pré-adolescência, aquela sensação de estar perdida e não saber a causa dessa sensação. Falta algo, mas eu não sei o quê! E não sei aonde buscar. Que alfição. Que drama. Mudanças, mudanças, e uma dor anônima no coração.
Diante do drama, um amigo me disse: "não foram as suas pernas que pararam de andar, mas o caminho que sumiu debaixo delas". Poético não?

6 de março de 2007

"Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos"

Hoje sonhei com móveis sendo totalmente cobertos de formigas. E eu as arrumava lado a lado, uma a uma, como peças numa obra de arte naturalista. E de repente, eu peguei um spray e joguei em cima delas para matá-las. E chovia também. No fim do sonho, as pragas sumiram, e o móvel se descascou em folhas, se abrindo feito um livro molhado. Tudo era branco, de spray, de chuva e de estranheza. Acordei às 10 da manhã, atrasada e assustada para um novo dia. Acho que no meu sonho enlouqueci. Literalmente.
Quando eu não estou em ordem por dentro, faço de tudo para o meu exterior estar. Arrumo o quarto na incapacidade de arrumar a própria cabeça, e o fluido de maus pensamentos que passam por dentro dela. Estou vivendo meus dias de Bree, do Desperate Housewives, e da personagem (que esqueci o nome) de Juliane Moore em As Horas. Estou atiçando uma parte do meu cérebro que não costumo utilizar muito. Hormônios negativos que não são liberados com tanta frequência. E odeio essa inconstância de sentimentos. E meu quarto está excessivamente bem arrumado. Pelo menos a minha parte do meu quarto compartilhado.
Não tenho mesmo muito a dizer, nem a pensar. Mas cheguei em um ponto sinistro. Absolutamente sem fundamentos. E eu fico esperando a mudança dos tempos, nesse "devagar depressa" como bem definiu Guimarães Rosa no triste e lindo conto "A Terceira Margem do Rio", Primeiras Estórias, 1962, e de onde também reproduzo a frase no título deste post.