27 de setembro de 2008

desinteressante

Ando escrevendo pouco. Porque não há muito o que escrever sobre. Há muito tempo a minha vida não estava tão desinteressante. Ela tá num ponto de mutação mas ainda não sabe para onde vai. Por isso prefiro ler blogs a escrever no meu próprio. Porque não quero que isso se torne um muro das lamentações.
Estou de novo encantada com o blog da Anne straight from the rip. Ela escreve num inglês absurdo de bom, possui um vocabulário quase limpo de gírias, coisa muito rara para os cidadãos dos Estados Unidos. Uma Virgínia Woolf dos nossos tempos, eu diria, se tivesse lido livros de Vingínia Woolf. Pros mais preguiçosos, reproduzo aqui um trecho do blog citado:
As for my numbness, I'm trying to poke holes into it. right now, they are sort of like memory foam. I poke, but the numbness just encloses my finger. It won't always be that way, but for now I'm keeping a strong eye on how I'm feeling and making sure that it doesn't get the better of me. It's a part of my life, going through these spells. I wish I didn't have to, or that there was a magic solution. But, for now I'll just have to keep poking until I find a way through.

18 de setembro de 2008

People who cut their own hair

Cortar cabelo é um ato de libertação. Ter uma navalha em mãos, e depois uma tesoura, e sentir os tufos de cabelos antes tão presos na cabeça agora soltos é uma sensação incrível. Ver os tufos caírem levemente sobre a pia, acumulando numa bola de cabelo, formando ali mesmo uma obra de arte espontânea. Ir cortando, mecha por mecha, e desenvolver na hora o corte que se quer dar. Cortar, cortar, até chegar num resultado satisfatório, até olhar no espelho e dizer: está bom!
E me diz porque as pessoas deixam que outras cortem seus cabelos, e lhe tomem essa sensação maravilhosa?

3 de setembro de 2008

Aqui e acolá

Olho no flickr as fotos de uma garota que viaja sozinha pela Europa. Uma garota x, que parece ter a minha idade. Suas fotos expressam vida, passam a imagem da vida como ela deve ser vivida: ao máximo, e apreciando as mais belas e diferentes paisagens. O semblante da garota é o mais tranqüilo possível. E expressam uma liberdade indubitável. Nem preciso fechar os olhos para me lembrar que um dia estava assim também, livre. E como era boa a sensação de estar longe da minha vida.

No Japão ou nos EUA, viajando e vivendo. É tão contraditório, viver, mas estar fora da sua própria vida. Olhando você mesma como se estivesse na platéia da sua própria vida. E pensando no roteiro que essa pessoa deve seguir, dali para frente.

Porque lá eu era um nada. No Japão, peão. Mas a vida era incrível, simples, nova, ótima. Sobretudo livre. Contraditória. Trabalhava 10 horas por dia em pé, mas o resto do tempo eu era livre, e reunia energia para conhecer a cidade de bicicleta. Havia um país lindo, novo e cheio de neve para descobrir. Sensação indescritivelmente l.i.v.r.e.

Já no Brasil eu tenho raízes profundas. Sendo minha casa, o ar aqui não tem cheiro, pois eu tenho o cheiro desse ar (hahaha). Mas aqui eu pude estudar, trabalhar, ganhar mal, mas pude aprender muito sobre a área que eu quero seguir: Planejamento Urbano. E isso foi muito válido, realizador, motivante. Talvez a carreira seja a coisa pela qual tenho mais paixão, na vida. E meu estágio na Sempla foi a minha escola. Aqui eu sou alguém pensante, que pode mudar o mundo usando a cabeça, e não somente os braços.

Mas e aquela vida bela como deve ser vivida? Será que ser babá, garçonete, operária, etc é o preço que se paga? Se for, vou continuar sonhando, dividida, mas com os pés bem enraizados aqui.


Lá, 2003.