21 de fevereiro de 2006

Voo Noturno

Maquina de café expresso italiano com inumeros sabores, caixa de cha, tropical, preto, hortela, ar condicionado, teclado egonomico, ambiente asseptico,
no casarão histórico na Vila Mariana, meu bairro preferido desde a infancia. Assim, da noite pro dia, minha vida mudou.
A direção dos ventos... O tempo em si.
Como se um anjo doido viesse ate mim, me pegasse pela mao, e dissesse: venha!, vamos dar uma volta no outro lado da cidade e assim, me jogasse quase no parque do Ibirapuera. Para quem ja estava quase se acostumando com o tumulto da Se, aqui eh uma casa de repouso, um bairro intocado pela viril populacao paulistana. Nao sei se eh bom, mas eh o que estou vivendo no momento. Metade aqui, metade ali. Aproveito para ver as tipicas paisagens paulistanas, e curti-las como nunca antes.

14 de fevereiro de 2006

On getting old.

Todo dia eu sinto a mesma coisa, que vem sempre na mesma hora e no mesmo lugar.
Todo dia eu acordo e me sinto cinza, e tenho crises de idade, mesmo sendo muito nova para isso ainda. Simplesmente acho que essa coisa de crescer e virar adulta não é comigo. Calma, também não vou virar nenhum Michael Jackson em Neverland, e nenhuma Xuxa e os baixinhos. A questão, aliás, é totalmente outra.
Vou crescendo, e vinte se tornam vinte e dois, e assim a cada dia tenho menos tempo para me tornar o que eu realmente quero ser. E quanto menos tempo tem, mais sufocante essa sensação é. Tenho certeza de que ao crescer desenvolvi razoavelmente bem todas as minhas faculdades físicas e mentais, sou provida de alguma cultura e talento, e tenho energia e potencial para fazer muitas coisas na vida. Mas todo dia essa energia acaba sendo dissipada, aos poucos, escorrendo das minhas entranhas e sendo absorvido pelo meu colchão, ou pela cadeira cinza de um escritório sem graça, através de minhas atividades automáticas e cansativas.
É como se todo dia eu preparasse refeições ricas e variadas, com sabores e cores para estimular todas as papilas gustativas e, no final, desse de comer a porcos e vacas, que obviamente não distinguiriam um brócolis de um sapato velho.

4 de fevereiro de 2006

Cinza claro

Minha inspiração é a vida. Os momentos extremamente felizes e também as piores fossas. Intensidade é sempre excitante.
Minha inspiração é a intensidade da vida. Já quando ela se dá lenta e rotineira é muito mais penoso extrair alguma inspiração dela.
É tão difícil pensar com a clareza ideal quando estou em casa. A vida em si é tão... devastadora. Parece que a rotina possui uma grande capacidade de inércia. Uma vez dentro dela crio um buraco para me enfiar ainda mais fundo. E o espírito de aventura não aparece, se retrai completamente, dando lugar ao medo (do que possa acontecer). Não sei explicar muito bem isso que sinto, mas se pudesse, mudaria isso. Se não fosse algo tão instintivo.
Cinza, cinza,cinza... porque é dessa cor que eu me enxergo nesse momento.