Para Meire
E o natal na sua casa foi quase igual ao dos anos anteriores. As tias fizeram escondidinho de bacalhau e a cada refeição alguém fazia o trocadilho do escondidinho escondido na geladeira e todas repetiam como um eco atrasado. As piadas de família de sempre. Tibi escapando do quintal, Buggy correndo atrás dele, e seu pai correndo atrás dos dois, separando um do outro. Sua mãe querendo que a gente comesse mais, mesmo depois de comer tudo o que podíamos. Todos tentando se exercitar no step que você trouxe. O bolo de mousse da dona Eva. Massa de chocolate preto, mousse de chocolate branco. O fiesta da Tia Shica, o pernil da minha mãe, a picanha e a farofa da sua mãe. Os meus biscoitos gingerbread, que as crianças adoraram e o Renato só lambeu o açúcar. O Nanão com suas piadas pesadas, ensinando besteira pro Rafael na mesa de jantar, que mais ria do que comia. O Guilherme com mau-humor como sempre, e ainda não fala o “r”. O Renatinho cada dia mais meiguinho, naquela idade fofinha de dois anos. O Rafa correndo atrás dos dois, cuidando dos dois, super bonzinho. O Daniel também está uma figura, grudou no Tio Hiroshi e parece um mini-tio-hiroshi. O Rafa e o Dani inclusive já sabem jogar poker, e eu não. A Sarah quietinha e mais crescida, com cabelo repicado e bonito. A Alinezinha que sorria para todo mundo e até dormiu, por horas, no colo do Tio Mitim, que já está com o cabelo das sombrancelhas brancos, e que a Cinthia encheu o saco dele, falando que estava parecendo o papai Noel.
Desta vez não demorou muito para dar meia-noite, hora de abrir os presentes e colocar o boneco co menino Jesus de volta no presépio ( que esqueceram e foram colocar só no fim da noite). Minha mãe deu umas sandálias para todas as tias, e depois elas começaram a negociar uma a sandália da outra, o negócio virou uma feira do rolo. Eu dei livros para os meninos da Kemi, pois o Rafa gosta de ler, e os dois pequenos, que ainda não lêem, imitam o irmão mais velho. Mas é claro que na hora eles se empolgaram muito mais com carrinhos de polícia e um tal ovo de dinossauro.
De diferente mesmo, só as duas nenezinhas da família. E o japonês do Japão que a Tia Megui trouxe. A Gabi ficou só um pouco, e o Makoto não para de babar nela, tem que ver que engraçado. Viu a Aline e babou nela também. A Marília e ele estão super bem como novos pais. Ah, e o japa é um que você já deve ter ouvido falar. Está fazendo curso de barista no Senac, e morando com a Tia Megui. Para falar com ele é uma torre de Babel, mas foi assim que eu descobri que geografia em japonês é chirigaku [tchi-ri-ga-ku] e que ele curte um Haruki Murakami (yay!). Ele ficou lá bebendo uísque com os velhos, um dos uísques que o seu irmão comprou para o casamento dele, um Black Label, eu acho, que até eu curti. Engraçado que todos os velhos ficaram falando em japonês para ele entender, mas eu achei um pouco forçado, a entonação e tal. E ele era tão sussa que na hora de ir embora ele saía na calçada e ficava dando tchau atrás do seu pai e da sua mãe, hahaha.
E foi mais ou menos assim o natal por aqui. E se você estivesse aqui teriam mais histórias para contar depois. E teria uma roda maior de primos, como antes. Já que agora não são mais tantos primos para que se forme uma roda decente. E uma pequena má notícia: não tirei foto nenhuma, pois a minha câmera está ruim, e não quer tirar foto desde o dia do meu aniversário. Mas acho que eu descrevi situações o bastante para você imaginar as cenas. E as fotos você cobra depois de quem as tirou (Sarah, Tia Há, Tia Megui, e o Makoto fez vídeos).