30 de julho de 2007

Mais!

Um perfeito programa a dois, certamente, é passar em uma boa locadora, que não é o caso da minha locadora, mas da Genius, de Ribeirão Preto, alugar o DVD A Comédia da Vida Privada, depois passar na sorveteria do italiano perto da casa do Ricardo, comprar um potão de sorvete (sabores amarena, amora e chocolate preto), guardar pra depois da janta (lasanha feita por mim), e tomar bem tarde, assistindo o DVD, rindo até não poder mais.


Quando passava essa série (1994-1996) eu tinha de 11 a 13 anos de idade, e mesmo não sendo adulta ainda, eu achava que era a melhor coisa que havia aparecido na televisão brasileira. Mesmo. E foi tão divertido e prazeroso rever alguns episódios. Até cheguei a gravar alguns na época e assistir até decorar as falas. Sem dúvida, é uma das coisas que fiz quando pré-adolescente e não me arrependo! Destaque para o episódio 2 do DVD: Casados X Solteiros ( o espisódio que eu decorei em algum momento do passado)

22 de julho de 2007

Bar de Rock



Alguns bares de rock em São Paulo me trazem a sensação nostálgica dos anos 80 e 90. Pois tanto a banda ao vivo quando os DJs fazem questão de tocar músicas cujo lançamento não ultrapasse o ano 2000, querem ficar, musicalmente, no século passado. No telão, um show antigo dos Beatles, daqueles que apresentavam na TV. Me lembram a MTV. Nostalgia. Talvez as únicas músicas novas que ouvi foram Cochise, do Audioslave e American Idiot, do Green Day. O que eu acho legal nisso é ter a sensação de que estou passando a minha juventude no final dos anos 80 e início dos 90, como os integrantes do Green Day, o que realmente é falso pois comecei a frequentar show e bares no final da década de 90, coisa que faço muito pouco, por sinal. Esta noite que passei no Morrison Rock Bar foi assim. Confesso que não consigo me empolgar muito com músicas do rock clássico, para mim são apenas músicas para animar o ambiente, mas não me fazem cantam junto, não preenchem por dentro. Pois não faço parte deste grupo de admiradores do clássico rock metal. Autênticos headbangers. Mãos tremem no ar, cabeleiras voam e me chicoteiam, casais entram junto em delírio. Okay para mim, que fui mais para ver os amigos, e não para ouvir a música (música eu ouço em casa). E no fim os headbangers são mais inofensivos que os adolescentes fúteis das outras baladas. Mais divertido foi ver o que sobrou na pista depois que a banda se despediu. Músicas nonsense, e no centro, um grupo muito heterogêneo, mas que no fundo é a pura panela de nerds contra-atacam. Criam suas próprias danças, dominam muitos metros quadrados e se divertem sozinhos, e me divertem também!

21 de julho de 2007

So beautiful it hurts


"This is you. Eyes closed, out in the rain. You never thought you'd be doing something like this, you never saw yourself as, I don't know how you'd describe it... Is like one of those people who like looking up at the moon, who spend hours gazing at the waves or the sunset or... I guess you know the kind of people I'm talking about. Maybe you don't. Anyway, you kind of like being like this, fighting the cold, feeling the water seep through your shirt and getting through your skin. And the feel of the ground growing soft beneath your feet. And the smell. And the sound of the rain hitting the leaves. All the things they talked about in the books you haven't read. This is you, who would have guessed it? You."

No calor do momento, PRECISO comentar do filme My life without me, que a Fê já tinha me falado um tempo atrás, mas que eu apenas namorava na locadora e nunca pegava. Pois nessas férias de faculdade eu não tinha o que fazer quinta-feira a noite, então subi a rua às 11 da noite e agarrei o filme da estante com uma firmeza incomum.
Então eu e minha irmã nos sentamos no sofá para passar a próxima uma hora a meia chorando feito duas camelas. A combinação de fatores desse filme – rotina, pobreza, desilusão, susto, mudança, novas descobertas – ou os detalhes e o jeito que a roteirista escreveu, não sei, mas tornam o filme diferente de um drama comum, e me cativou de uma maneira que poucos filmes conseguem ultimamente.
A moça de 23 anos descobre que tem uma doença, e que tem poucos meses de vida. Então decide fazer uma lista tudo o que sempre quis fazer, mas que a vida dura de faxineira, casada, com duas filhas não permitiu. Esta lista inclui fazer mensagens de aniversário para suas filhas até que completassem 18 anos, encontrar uma nova esposa para o seu marido, fazer alguém se apaixonar por ela, e fazer amor com outros homens, para ver como é.
O drama de expectativa de morte é que estimula o choro dolorido. Porém, ver o que ela consegue fazer com o que resta da vida dela, coisa que faz com intensidade e espontaneidade, deixa o filme triste-feliz ao mesmo tempo.
Outro grande barato do filme é que a vocalista do Blondie, Debbie Harry, faz o papel da mãe da garota, e está tão ótima que nem a reconheci até o fim do filme. A cena em que ela fala do seu aniversário é incrívelmente viva também.
Sem falar que o ator Mark Ruffalo estar no filme já é um algo a mais. Eu e minha irmã estamos apaixonadas por ele agora, hahaha. Se bem que eu já estava desde Zodíaco.
Toda a empolgação com esse filme me fez pensar em uma possível lista dos 10 melhores filmes que já assisti. Talvez a coloque em breve aqui.

Se você não se empolgou como eu, e não vai mesmo ver o filme, ao menos assista uma das cenas mais legais do filme:


In the car:
- If you don’t kiss me right now I am going to scream...
- ...
- AAAAaaaaaaaaaaaaa!!!!
- Shut up!
And then the kiss, and she stops him.
Now him:
- If you don’t Kiss me right now I am going to FUCKING scream...
More kisses
Ah, tãaaao bom...

15 de julho de 2007

Café com pinhão


Tomo um café e como um pinhão ao assistir o jogo (BrasilXArgentina) pela Band para ouvir o Luciano do Valle falar que : "O esporte é a única arma para combater a imbecilidade da humanidade". Pegou pesado, hein?
Mudo de canal, dessa vez para a Globo. O Brasil ganha. Galvão se empolga, e dessa vez ele dá outra grande frase: "Outro chocolaaaaate pra cima de Argentina!"
Dunga dedica a vitória a todas as crianças da África, de Israel, etc, que tem alma pura.
Futebol é no mínimo curioso...

Teste


Um pequeno grupo de orientais vai ao parque, estende sua toalha, tira os sapatos, como manda a tradição, e senta-se tranquilamente no fim da tarde para tomar uma xícara de chá. Aonde você acha que esta foto foi tirada?

a)Seul
b)São Paulo
c)Pequim
d)Kyoto

Se você respondeu b, indo contra todas as opções mais óbvias, acertou. Passei o último sábado inteiro no Parque da Cantareira (ao lado do Horto Florestal) e vi mais orientais do que típicos brasileiros no local. Muitos velhinhos de bengala, jovens mães empurrando o carrinho de bebê ladeira acima, e toda a sorte de orientais que se possa imaginar. Só não sei se eram chineses ou coreanos, japoneses eu sei que não eram, ouvindo-os conversar cheguei a essa conclusão. Até conversei com um pequeno coreaninho enquanto a sua mãe estava no banheiro, e ele chegou do meu lado para observar um caxinguelê (esquilinho brasileiro) comendo uma semente de abacate. Ele era tão pequeno que nem assustava o caxinguelê. Enfim, parece que a grande colônia de chineses e coreanos que não para de aumentar em São Paulo foge aos finais de semana para o parque, atrás de uma paisagem menos cinzenta. Tanto que descobriram este parque antes que eu, paulistana de 23 anos, que conheceu o parque naquele dia. Na pedra grande, no lago, no parquinho, na gangorra, eles estavam em todos os lugares, fazendo com que eu me sentisse num parque asiático várias vezes. Só faltava aparecer um urso panda entre os bambus.

Domenica

O domingo está sendo particularmente animado ao redor do mundo. Vejo na tevê a final da Copa América, o Pan no Rio, o Brasil vencendo na Liga Mundial na Polônia, tanta festa lá fora, mas nada muda o meu domingo de sempre, minha preguiça de pensar, de andar, de sair de casa. Me incomoda o fato de que por alguma razão o (meu) domingo é sempre assim. Afinal, é um dia como outro qualquer, e apenas por se denominar “domingo”, a psicologia social crê que deve ser um dia chato, o cérebro entende que devemos ficar com cara de bunda sentados no sofá, comendo o dia todo e vendo programas ruins. O tal livro citado anteriormente diz que o domingo é um dia em que não se trabalha, e por isso se sente uma angústia por não se estar produzindo. Sim, faz sentido, mas isso não quer dizer que não podemos produzir outra coisa além do trabalho diário, certo? Mas e como fazer o meu cérebro pensar assim?
E não importa se a semana toda foi movimentada e cheia de acontecimentos interessantes e satisfatórios(que foi), o domingo é o mesmo de sempre. Solitário, gordo, cruel, obscuro, rançoso, e lento. Eu poderia estar estudando, fazendo a prova que a professora passou para casa,fazendo outros trabalhos para a faculdade, pintando camisetas, assistindo os filmes que quero ver – Ratatouille, e Não por Acaso –, enfim, poderia estar fazendo uma série de coisas, mas estou aqui sentada suspirando alto e forte como uma idosa. A vida é boa, mas os domingos não.

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6 de julho de 2007

...

Ontem me senti melancólica. Percebi que as oportunidades que temos são momentâneas, tem hora pra acontecer, como potenciais faíscas de alegria. Ou você as aproveita no momento certo, ou você as perde para sempre. E mesmo, às vezes, você se ilude achando que aquele momento perfeito vai continuar acontecendo pra te fazer feliz a vida toda, mas no futuro verá que foram mesmo faíscas bonitas e estalantes, porque depois só sobram as cinzas de saudade, e que irão compor o filme da sua vida no momento antes da sua morte. Bonito e triste. Ah, e antes que pareça que eu estou falando de amor, não, estou falando de amizades.

4 de julho de 2007

Arrrgh

Gente, a greve na USP já acabou, mas mesmo assim eu quero dividir com vocês uma parte da pequena reportagem da Veja São Paulo, de meses atrás, que encontrei dias desses na internet:

Em vez de plástica, rugas de preocupação

Quando se tornou reitora da USP, em 2005, a professora-doutora Suely Vilela calculava que, dali a cerca de um ano e meio, poderia tirar folga para submeter-se a uma plástica nas bochechas e nas pálpebras. Pois foi exatamente o tempo que levou para a farmacêutica enfrentar a maior crise de sua gestão, que já começou com protestos de alunos no dia da posse. Aos 53 anos, mineira de Ilicínea, Suely é divorciada e tem um filho. Vaidosa, gosta de acordar cedo para fazer escova. Quando tem tempo – o que não é o caso nas atuais circunstâncias – faz musculação e esteira. Costuma vestir terninhos de estilo clássico. "Gosto de tudo combinando", disse a Veja São Paulo, numa entrevista concedida logo depois de obter 154 dos 269 votos na eleição para a reitoria, em 2005. Desde o início da rebelião na USP, ela tem evitado a imprensa.

Há quem a considere despreparada e defenda a idéia de que teria sido aprovada por Geraldo Alckmin por, como o então governador, vir do interior (boa parte de sua carreira foi em Ribeirão Preto). Verdade ou injustiça, o fato de a reitora ter declarado gostos culturais pouco comuns entre docentes – ela é fã das canções românticas de Roberto Carlos e de filmes melosos como Uma Linda Mulher – só aumentou as críticas. Na entrevista a Veja São Paulo em 2005, a professora se declarou "pisciana, coração mole". Isso talvez explique por que, nos primeiros vinte dias da rebelião dos alunos, ela tem se portado como mãe de criança peralta: ameaça, ameaça, mas não pune ninguém.


Não é sátira, é reportagem da Veja mesmo. Isto é, da Vejinha, a querida revistinha de variedades dos paulistanos que lêem Veja.

O próximo entrevistado da reportagem é Pinotti, o nomeado secretário do Ensino Superior. O texto é bem mais sem-graça do que este acima, mas vale reproduzir o final, em que ele fala de uma meta da Secretaria de Ensino Superior:

A secretaria estuda também criar uma quarta universidade, a Virtual Paulista (Univip), com aulas ministradas pela internet e pela televisão, em conjunto com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. "É óbvio que não dá para ensinar medicina de longe", afirma Pinotti, que é médico ginecologista. "Mas cursos mais teóricos podem funcionar muito bem nesse formato."

É, então medicina não pode ser à distância, mas cursos teóricos sim. Tipo, toda a Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas. A FEA se inclui?

3 de julho de 2007

Auto-ajuda acadêmica

Eu passei a noite inteira lendo o livro O Lazer no Planejamento Urbano, da Ethel Bauzer Medeiros, sobre a importância do lazer na vida das pessoas. Aluguei porque gosto dos dois temas do título, mas o livro é tão abrangente e tão bem escrito, que se tornou quase um livro de auto-ajuda para mim. Apesar de ter sido editado em 1971, revela traços da modernidade já em crise, e faz muitas reflexões nesse tema, que continua presente na sociedade (na falta de uma idéia melhor), então o livro continua quase atual. Ela basicamente fala que o lazer se tornou mais importante no capitalismo monopolista porque o trabalho se tornou serial, apressado, mecânico, e padronizado, isto é, não respeita a capacidade de criação e as habilidades inerentes aos homens:

“Com freqüência o trabalho [não mais a vocação, mas um emprego, uma vaga a preencher na engrenagem] é visto como simples meio de assegurar um salário, sendo o principal respeitar o apito da fábrica ou o relógio de ponto [ou os dois] e obedecer as rotinas preestabelecidas. De antigo instrumento básico de auto-afirmação, o trabalho desceu a um segundo plano, cedendo ao lazer a primazia. O homem trabalha agora para poder gozar as horas livres, nelas se realizando”.

Mas depois de tanta luta para conseguir tempo livre, o homem vive a crise de não saber o que fazer com elas:

“Embora viva a sonhar com as alegrias do lazer, parece aturdido quando finalmente se vê livre para o usufruir. É que na vida moderna não mais encontra o antigo ritmo de trabalho diário, entrecortado pelas festas e folguedos típicos de cada estação. Mesmo aquelas tradições populares que ainda subsistem, transformam-se para resistir à extinção. (...) Nos tempos atuais, as grandes festas dissolveram-se no dia-a-dia, perdendo portanto o seu caráter de libertação explosiva, aquela saudável ação catártica. Além disto, modificaram-se intimamente, pois muitos festejos religiosos (como o Natal de a Páscoa) perderam quase toda esta conotação, adquirindo acentuado sabor profano, de divertimento coletivo de rua ou de troca de presentes. Surgiram também as festas artificiais, como vários dias simbólicos (da mãe, da criança, do mestre, etc.) muito presos à propaganda comercial”.
...
“Defrontados por mais tempo livre, que não sabem como usufruir, muitos indivíduos só se lembram de tentar escapar. Em lugar de vê-lo como oportunidade de reduzir tensões e desfrutar momentos de alegria, enxergam-no, paradoxalmente, como uma nova fonte de inquietude e desassossego. Uns só conseguem enfrentar a situação matando o tempo (expressão tanto mais significativa quanto encontrada em diversas línguas –tuer les temps, to kill time, amazzare il tempo, zeit totschlagen...)”.
...
A fuga também pode se dar fora, quando o indivíduo se distrai em lugares barulhentos e com iluminação gritante, como as discotecas; outros se iludem com sonhos, recorrendo mesmo a drogas e álcool, "de qualquer forma são manipulados por vendedores de ilusão, que vivem disto". (...) “Porém, a volta à inevitável rotina vai com o tempo tornando-se cada vez mais custosa, pois o vácuo se amplia e parece esmagar o indivíduo. Para tais pessoas o lazer transformou-se num intervalo angustiante em que é preciso livrar-se da realidade, tal como sucede aos animais que hibernam, para escapar a longo e penoso inverno”.

O livro, às vezes, é ácido:
“Há também aqueles que sentem compulsão para o trabalho e experimentam sentimentos de culpa ao se verem desocupados. Já criaram a neurose do domingo, ou seja, o medo aflitivo do feriado, no qual não podem apelar para a rotina salvadora do escritório”.
Aí também entra a questão dos nossos valores. Trabalhar é visto como uma coisa nobre, que traz dignidade ao homem. E o lazer é uma recompensa àquele que trabalhar duro, ou estudar duro, como vemos com Weber, no clássico A ética protestante e o espírito capitalista.

Mas enfim, muitas pessoas se perdem bem aí, no tempo livre. Por isso a inveja do gato, que sabe muito bem aproveitar todo o seu tempo livre, dormindo, se exibindo, se lambendo ou brincando. E por isso talvez que tudo o que é verde, grama, praça, parque, árvore, me fascina, especialmente se está dentro da cidade. E eu vivo em eterno conflito nessa cidade cinza com tão poucos espaços abertos, livres, públicos. Já percebi que eu me concentro bem mais quando leio perto de algum lugar que tenha um pouco de natureza. Mas morando no nono andar de um apartamento sem sacada isso não é muito acessível. Portanto, acho que serei mais satisfeita quando tiver dinheiro suficiente para morar em uma casa, com quintal, jardim, onde eu possa enfiar algumas plantas e um labrador amarelo, e um gato, e onde eu possa passar todas as enfadonhas tardes de domingo que me sobrarem.
Ah, e por hora, este blog serve muito bem como lazer :)